Friday, September 28, 2007

Consta que...




... que anda por aí muita alma com falta de chá.


Pois então recomenda-se vivamente que larguem as águas do imperialismo e se dediquem à Camomila!


Consta que produz um chá calmante e digestivo, suaviza a pele e embeleza os cabelos.


Consta que usado diáriamente diminui as dores musculares, a tensão menstrual, o stress e a insônia. Também é bom em alturas de diarréia, inflamações das vias urinárias e ainda ajuda a purificar o organismo e a aliviar a irritação causada pela poluição.


Consta que, desde o antigamente, quem plantar camomila ao redor da sua casa atrairá prosperidade e dinheiro (tenho um apartamento, por isso que não saio da cepa torta! :)


Consta que afinal se trata de uma planta medicinal e que só faz bem ao organismo.

Tomada à noite é aquela maravilha para o soninho descansado.


Enfrasquem-se em camomila! Sempre é mais saudável e barato que Xanax.


Bons sonhos...

Wednesday, September 26, 2007

Para a semana...



... vou acordar por lá e tomar o pequeno-almoço!

Monday, September 24, 2007

Império Russo à Solta em Lx



Este é o Hermitage. O museu mais lindo do mundo.
Fica em St.Petersburg, Rússia. Assim mais concretamente numa das margens do Rio Neva (imagino o que lá neva!).
Ostenta as melhores colecções de arte e cultura do mundo. Só para terem uma idéia, o exposto abarca desde o Séc.XX até à Idade da Pedra!
O próprio edificio foi residência dos Czars Russos, o Palácio de Inverno.
O Palácio ficou, os Czars enfim, nem por isso.
... e Lisboa vai receber este Outono (infíma) parte destas colecções.
O local de eleição foi o não menos bonito Palácio Nacional da Ajuda. Também residência dos nossos reis, nos tempos da outra senhora.
Abre ao público a 26.Outubro e prolonga-se até 17.Fevereiro.
Não há desculpas.
É caso para dizer: "- Enriqueçam-se, mesmo com o que é dos outros!"

Friday, September 21, 2007

"Porque a Terra é Azul"



Ah pois é!! Aí está ela!! A nova campanha publicitária!!

Sim.

Consta que apartir de 26 de Setembro é lançada a campanha publicitária que Gisele Bündchen, atributos à parte, foi filmar ao Brasil para promover... sandálias!!!

Gisele aparece em todo o seu esplendor, como para não variar.

Depois de ver este monumento à sensualidade vestido de água, quem é que se vai lembrar da porra das sandálias?!?

O problema é se pega a moda de vestir água: já estão a ver a seca que vai dar!

Asseguro desde já que água é a fonte da vida, mas bem a podemos passar a vestir água que nunca nos vai dar um corpinho destes... o melhor é mesmo ficarmos pelas sandálias.

Por falar nisso, não deviam filmar... os pés?! Alguém meteu água! (:

Maridos...









aquele tipo de marido que tem a mania que sabe de tudo um pouco, desde a melhor tábua para alguém engomar as suas camisas, passando pelo frigorífico que poupa mais energia. Até pode saber muitas coisas úteis, mas o território doméstico não pode nem deve ser gerido como uma empresa, sob o risco de se verem goradas as expectativas em relação aos objectivos.

Outro estilo doméstico igualmente irritante é o Inútil Doméstico, aquele que se especializa em não saber fazer absolutamente nada. Põe os pratos grandes no tabuleiro superior da máquina de lavar, deixa a roupa suja no chão, nunca muda o rolo do papel higiénico quando este acaba, acha uma seca ir despejar o lixo e não arrasta uma bilha de gás mesmo que veja a mulher a fazê-lo. Os Inúteis Domésticos foram, em geral, criados por uma mãe protectora que sempre lhes fez a cama, lhes arrumou a roupa depois de primorosamente lavada e passada a ferro e lhes pôs o almoço e o jantar na mesa.

Conheço um exemplar dessa espécie que há pouco tempo se encantou por uma estrangeira e a convidou para vir viver com ele. Ela, cautelosa, avançou para uma temporada à experiência que correu mal, porque, segundo ele, ela não sabia cozinhar e, segundo ela, o que ele queria era uma empregada de borla com serviços sexuais incluídos. Ela voltou ao país de origem e ele arranjou uma namorada local com as características pretendidas.

Imagino que sejam os três felizes para sempre, a estrangeira longe da mentalidade lusa que conta à partida com serviços domésticos incluídos numa relação, o Inútil que encontrou quem o assistisse e, por fim, a sua assistente, grata por agradar à pessoa amada. Felizmente , nem todos os homens seguem a lógica da publicidade enganosa.

Conheço exímios donos de casa, arrumados e organizados sem manias obsessivas, bons cozinheiros e melhores companheiros, já que se é verdade que se conquista um homem metade pela cozinha e a outra metade pela cama, com as mulheres não é assim tão diferente, a não ser que vivam obcecadas com dietas malucas.

Um bom marido é hoje muito mais do que alguém que paga as contas e assegura um bom nível de vida. Um bom marido é alguém que ajuda, que colabora, que faz parte da vida da família. Os marialvas que estão sempre no campo ou a dormir ou na farra com os amigos só servem para mulheres que nasceram com alma de empregadas domésticas.

[Margarida Rebelo Pinto, in "Sol"]


Não posso nem ouvi-la, mas como já referi antes, adoro lê-la.
E também adorei esta do "Inútil Doméstico". Conheci vários.
E a culpa é sempre do mesmo: a mãe que teve, a permissiva sociedade, o haver mulheres desesperadas que aturam tudo, o machismo crónico!


A parte que está a bold alguém sabe se existe? Utopias líricas ficam sempre bem! ((:

Monday, September 17, 2007

Sinais






Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
o antes, o agora e o depois
por que você me deixa tão solto?
por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus segredos e planos secretos
só abro pra você mais ninguém
por que você me esquece e some?
e se eu me interessar por alguém?
e se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora

ou você me engana
ou não está madura
onde está você agora?

[Caetano Veloso]

Faz tempo que suei as estopinhas a dançar esta música.
Momento alto para o nosso grupinho quando na Kapital o DJ a punha a rolar, era ela e nós. Rolavamos e deixavamos o encanto da letra e do som remisturado, elevar a nossa ainda firme e hirta energia.
Imaginam agora ao tempo que isto foi! (:

Há dias voltei a ouvi-la. Na rádio. Na versão original.
Ontem de novo. Noutro canal bem distinto.
Hoje tropeço num site, ou melhor num blog em que lá estava ela: bem escarrapachada a letra.
Obrigou-me a pensar porque raio levo uns anos sem ouvir a música e numa semana não oiço outra coisa!

Coincidências, sim acredito nelas, mas também acredito que se dermos atenção a certos pormenores, a certas coisinhas que achamos estranhas talvez encontremos mais razão e mais "pica" para darmos sentido à vida... ou quem sabe, passar a percepcionar nelas os famigerados sinais.


Histórias de Embalar (Cap. XII)

" - Boa tarde Sr Cardoso, que tal vai isso?", cumprimentava Pedro, sem suspeitar de nada, ao avistar o Cmdt Cardoso chegando à vinha.
Pedro verificava com minúcia o estado das uvas depois da geada da noite anterior e estava todo contente: nem um arranhão, a colheita vai ser das boas, pensava ele.

Cmdt Cardoso vinha com um ar sério, " - Venho falar-lhe da Katya ! "

Pedro mudou imediatamente de expressão “ - Sr Cardoso, não estou interessado em saber nada dessa aldrabona!”, retorquiu.
" - Mas vai-me ouvir Pedro, vai-me ouvir!“ disse Cmdt Cardoso com firmeza na voz.

Pedro viu que não havia nada a fazer e por respeito resolveu anuir, até podia ser que o homem fosse rápido.
Levou-o para o salão da casa. Ofereceu-lhe um Whisky. Cmdt Cardoso, apesar de não beber há anos, aceitou. Deu um trago e começou a contar tudo.

No final, Pedro com desdém, pergunta " - Foi ela que mandou o Sr vir aqui dizer essas aldrabices todas ? O que é que ela quer com isso, hum ?"
E antes que Pedro pudesse abrir a boca de novo, Cmdt Cardoso interrompe-o: "- Homem, cale-se e oiça ! " e continua " eu não vim aqui a mando de ninguém, Deus sabe a minha integridade que sempre soube manter em todos estes anos de carreira ! Vim aqui para lhe dizer que a mulher que você julga que o enganou, foi raptada para lhe tirarem um rim e que viveu estes meses todos sem dizer nada sob pena que lhe estragassem a vida a si ! Fez tudo só para o proteger ! E a causa disto tudo foi o meu filho ! " gritava já fora de si.
" - Ainda acha que vim contar histórias ?!?" continuava, apesar da respiração sofrega lhe começar a pregar a partida de ir perdendo o folego para continuar.

Pedro que sempre conhecera o Cmdt Cardoso por ser um sujeito pacato, viu que realmente ele estava a falar a sério e resolveu deixá-lo terminar sem mais interrumpções. Até porque nem conseguia dizer o que quer que fosse.

" - Que faz você nesta grande casa, consegue sózinho fazer disto um Lar, hein ? Consegue ?! Sem Amor de nada servem as suas posses, Pedro. É na partilha com quem amamos que residea grande parte da nossa felicidade. Se não se entregar como é que vai saboreá-la ?" e Cmdt Cardoso terminou acrescentando " - O meu filho fez a maior asneira da vida dele, mas por amor à mulher, para salvá-la. Se você não salva a sua, essa vai ser a maior asneira da sua vida!".

E sem mais nada, pousa o copo que tinha na mão e sai direito ao portão da quinta sem nunca, uma vez só, olhar para trás, deixando assim Pedro sem palavras.
A sua missão estava cumprida.

Pedro dividido entre a raiva e o ódio ao filho do Cmdt Cardoso; entre a alegria de que tudo tinha sido mentira ; entre a vergonha e remorso por não ter acreditado na mulher que mais amava ; entre a maravilha de ser pai, pai da pequena Benedita; entre o que fazer e não fazer... num turbilhão de pensamentos, chega sempre à mesma conclusão: que sem o seu anjo ruivo nada fazia sentido, nada interessava.

Dez minutos depois tomou o rumo de Lisboa, em busca dos seus anjos.


E viveram os três na mansão, conseguida a custo, muito custo... e felizes para sempre.


FIM

Thursday, September 13, 2007

Histórias de Embalar (Cap. XI)

"- Pedro nunca me iria acreditar!", começou Katya pausadamente, como que tentando controlar o pranto “eu podia ter ligado a pedir ajuda, a contar-lhe tudo. Mas Luis ameaçava-me que incendiaria as vinhas e as Caves e isso seria a ruina de Pedro… tive medo!" disse rendida, começando a soluçar e limpando com a mão livre as lágrimas que desabavam pela cara abaixo.

“ - Ele acreditou naquela historia, no que dizia aquela carta e se assim foi, é porque não me amava, era porque não nos mereciamos” continuou ”portanto, eu nao podia apresentar queixa do seu filho. Afinal ele fez tudo isto por amor à mulher..." continuava em soluços "... e por isso resolvi não fazer nada. Se ao menos o Pedro me amasse assim!…”

Nesse instante Benedita, a bébé, dá sinal e lembra que são horas de se alimentar.
Katya é acompanhada por um dos agentes para uma outra sala, mas antes de sair olha para Cmdt Cardoso e no meio daquele pranto ainda consegue oferecer-lhe um sorriso sem rancor e foi assim que o comandante percebeu que Katya era mesmo um anjo, um anjo ruivo.

Os agentes aguardam impavidos por Cmdt Cardoso que depois de recomposto finalmente lhes diz : " - Preciso sair , Lopes…preciso sair !" e levanta-se meio atordoado. Estupefacto, o amigo pergunta-lhe "- Mas não quer ir falar com o seu filho antes?! "
Cmdt Cardoso diz… "- Obrigado, Lopes, obrigada, mas há coisas que precisam de ser feitas!".

E sai, tomando o rumo de Santarém.

(continua)

Monday, September 10, 2007

Histórias de Embalar (Cap.X)

Katya sob a pressão e a ameaça de Luis, ficou a trabalhar na clínica e foi lá que Benedita nasceu. A filha do seu grande amor, Pedro.

Cmdt Cardoso mais uma vez desarmado com toda a história, tentava a custo reflectir sobre tudo que ouvia. Afinal é uma menina, pensava ele enternecido, ... e não é minha neta!, entristecia-se de novo, relembrando de tudo que ouvira…

O seu filho cometera um crime por amor à mulher, dera cabo da vida de duas pessoas que se amavam, por amor à sua mulher e… "- E onde está o meu filho ? " insistia de novo o Cmdt Cardoso, mas já nervoso.

"- Seu filho está sob prisão preventiva desde ontem, Cardoso !", afirmou um dos agentes, "como todos os crimes, nenhum é perfeito e nós interceptamos um telefonema do seu filho para a mulher em que combinavam encontrar-se num hotel em Monsaraz ontem. E quem lá estava à espera, eramos nós !", explicou o agente.
"- O seu filho", continuava o outro agente, " confessou tudo e pode ser que se safe. A Dª Katya não quer apresentar queixa. "

Cmdt Cardoso estupefacto, fitou Katya numa tentativa de com o olhar lhe perguntar porquê e ao mesmo tempo agradecer e pedir perdão por tudo que o filho lhe fez, mas não havia maneira dela tirar os olhos do chão.

Mesmo assim e tremelicando as palavras pela emoção, insistiu e acompanhado com a mão no ombro que, entretanto, o amigo agente lhe colocara em jeito de solidariedade, pergunta " - Porquê ? Porque é que não apresentou queixa, depois de tudo que lhe fizeram ? depois de tudo que perdeu por isso ?"

Foi então que finalmente Katya levantou a cabeça e falou.

(continua)

Saturday, September 08, 2007

Histórias de Embalar (Cap. IX)

No dia da alegada fuga do casal, Katya fora apanhada de surpresa no estacionamento do hospital quando se dirigia para o seu cabriolé.
O colega Luis, cirurgião e filho do Cmdt Cardoso, tentara persuadi-la a celebrarem com um chá, a notícia da sua gravidez. Ela recusou dizendo que estava com muita pressa para ir dar a novidade ao pai do bébé, Pedro. Mas Luis voltou a insistir dizendo que era rápido e ela acabou por anuir.

Foram até ao bar, estranhamente não havia ninguém. Katya não ligou, bebeu o chá e não se lembra de mais nada a não ser de acordar numa cama envolvida por um cheiro familiar: era éter.
Reparou então que estava toda ligada e a dor que sentia nas costas começava a ser cada vez mais forte: "- Meu Deus, tiraram-me um rim ! ", apercebeu-se finalmente Katya.

Luis deu conta que Katya acordara e tentou sossegá-la, dizendo que nao poderia fazer muitos movimentos, sob risco de hemorregias.
O rim era para sua mulher que estava a morrer e não tinha dito nada a ninguém.
A única pessoa compatível que ele tinha encontrado era precisamente Katya (ele constatara isso pelas análises que ela tinha pedido no hospital).

Quanto mais o agente falava, mais boquiaberto ficava o Cmdt Cardoso.

Luis aguardava apenas o tempo suficiente para poder voltar e encenar um pedido de perdão dizendo que estava arrependido da fuga com a amante e tudo voltaria a ficar bem aos olhos dos vizinhos. Katya deixava de ser problema já que com a vergonha e a ameaça, não voltaria de certeza e com os 30 mil Euros que Luis lhe dera, seguiria a sua vida fora de Santarém.
Mas a sua esposa opôs-se a este final, ela estava em Santarém e sabia o que se passava no seio da família : se ele voltasse iria haver chacina. A história que engendraram não fora afinal a melhor de todas, se bem que salvara Rute, a mulher de Luis… mas arruinara a vida de Katya e Pedro.

"- Então… então e como é que a Katya está aqui ? E onde está o meu filho?" perguntava o Cmdt Cardoso sem saber o que mais dizer, tal era a confusão na sua cabeça.

Katya permanecia calada, as olheiras disfarçadas pelo creme de hipermercado e o semblante tenso, não enganavam a profunda tristeza que sofria.

Luis cuidara que Katya recuperasse sem problemas nem pra ela, nem para o bébé. Tinha uns amigos em Badajoz e fora lá que tudo se passara. Licença sem vencimento do hospital de Santarém e uma candidatura aceite à pressa na Clinica de Badajoz.
Foi aqui que Rute foi passar um mês para descontrair , como disse à familia e afinal ser operada – com sucesso.
Regressou sózinha, sem Luis, era preciso pensar noutra historia mais convincente.


(continua)

Friday, September 07, 2007

Histórias de Embalar (Cap. VIII)

Pedro organizava mais um concurso, claramente numa tentativa de se preencher, de ocupar todo o seu tempo com coisas e afazeres para não ter um segundo, um segundo que fosse que voltasse a pensar em Katya e em tudo o que ela fora capaz de fazer.
Mas era inútil, as noites eram longas até adormecer e nem a sua Ghiri, a cadelinha rafeira qual clone da velha Lassie dos tempos de garoto, o conseguia ternurar.
Ghiri, em honra dos valentes samurais, os tais da lealdade, tal como a sua cadela.
Pêlo fôfo e branco, doce e meiga, Ghiri era uma boa companheira, "muito melhor que Katya! Sim, muito melhor que essa mentirosa!", pensava Pedro, até que o cansaço lhe pregava a partida e Pedro caía em sono profundo.

Passados uns meses, numa segunda-feira cheia de sol, Cmdt Cardoso fora chamado a Lisboa: notícias frescas sobre a investigação.

Chegado à PJ, Cmdt Cardoso cumprimenta os amigos, vira-se para se sentar e de repente… nem queria acreditar ! De fronte para uma janela, podia ver uma silhueta familiar, talvez mais magra e tinha um bébé ao colo – era Katya e claro, só podia ser o seu netinho !!

Cmdt Cardoso não conseguia dizer palavra.

Katya voltou-se e olhando de frente Cmdt Cardoso baixou os olhos e sentou-se na cadeira que o agente lhe estendia. O bébé dormia, cobria-lhe a cara uma fralda muito usada, mas via-se que estava bem nutrido. Katya parecia ter envelhecido uns dez anos.
O agente estende outra cadeira ao Cmdt Cardoso que continuava incrédulo, inerte, boquiaberto e pede-lhe para se sentar.

A história ía começar.

(continua)

Tuesday, September 04, 2007

Histórias de Embalar (Cap. VII)

O seu filho Luís, cirurgião obstetra do hospital da cidade, mandara entregar uma carta em que se despedia dos pais dizendo estar apaixonado por um anjo ruivo – a mulher da sua vida – e que ela trazia no ventre o seu filho.
Mais não podia dizer, a não ser que logo dava notícias… quando fosse possível.
Luís, deixava a mulher e Mirinha, a filha de ambos com 3 anos.
E o anjo ruivo deixava Pedro.

Sem forças e incrédulo perante tudo o que o Cmdt Cardoso contava, Pedro instintivamente tenta ligar para Katya "- Por favor, atende, por favor atende ! Isto não é verdade, isto não é verdade ! " soluçava Pedro enquanto trémulo, tentava ligar para o número que teimava em não responder.
Cmdt Cardoso envergonhado pela atitude do filho, recolhe-se para dentro da viatura da GNR e Pedro soltando um grito de dor e chorando compulsivamente, cai pelo chão quente e viril da lezíria, da sua quinta, do lar que construira para si e para o seu grande amor.

O tal a quem ele tinha aberto as portas do seu coração… para ser dilacerado.

Passaram-se alguns meses e Pedro vivia sózinho na sua grande mansão. Conseguida a custo, muito custo.

Mas Pedro vivia intensamente, continuou a trabalhar arduamente na quinta, nas Caves da família. Ajudava os filhos dos empregados com a matemática lá na escola. Fazia festas e concursos d’O Melhor Vinho da Região e dos fundos uma parte dava às vítimas das cheias do rio e outra à Câmara, na esperança de que o espólio gótico que se vai degradando pela incúria, fosse dalguma forma recuperado.

Tornou-se uma das presenças obrigatórias na sociedade filantrópica da região.

Pedro, porém, não tinha resolvido ainda uma questão : a mentira !
Não conseguia ainda entender porque Katya o tinha abandonado, porque ela tinha outro homem, porque ela lhe tinha mentido ?! E grávida do outro ?! Como é que é possível, tanta mentira?! Que arda no Inferno !! Bolas ! Nunca mais! pensava ele, agora é que nunca mais ele iria abrir o seu coração. Nunca mais !

Paralelamente, Cmdt Cardoso, não ía descansar enquanto não soubesse do paradeiro do filho: " - Um homem casado, com uma boa posição, uma boa situação financeira e faz isto ?! Que vergonha, como posso eu sair à rua ? Com que cara eu falo com as pessoas ?" indignava-se, desabafando com a mulher.
Dª Rita chorava, noite e dia, de vergonha das vizinhas também, mas calava, nada dizia, era seu filho.

E a um filho, nunca se deixa de ter amor.

Cmdt Cardoso tinha uns amigos na PJ em Lisboa e a eles recorrera em segredo, até da sua mulher. Estava determinado a fazer justiça, mm que caísse sobre o seu filho, ai se ía !

Veio a Lisboa numa tarde chuvosa e fria. Duas horas depois estava de volta a Santarém.

(continua)