Thursday, May 22, 2008
Sunday, May 11, 2008
Regresso arábico dos 3 em 1
É dificil. Sinto-me divida.
Entre a estupefacção do legado que possuem, entre a incúria com que o tratam, entre a doçura com que lidam com as suas crianças e a revolta pela mísera auto-estima das mulheres.
Nesta viagem dos 3 em 1, visitei Síria, Jordânia e Israel.
Medonho e revoltantemente fantástico. A divisão é atroz.
Comecemos pelo melhor, as crianças.
Brincam saudavelmente, são bem nutridas e mesmo as que por forças da vida têm que deambular por entre os turistas a vender colares e pedras do espólio cultural milenar (!) "arranham" inglês e até italiano.
Elas, de olhar magnético, sorriso doce e trato meigo, são a razão pela qual depositamos ingénua esperança nesta geração.
Esperança para que evoluam, para que a chegada da puberdade não lhes castre o bom-senso.
As mulheres, essas do papel bíblico e quotidiano de vida em casa, de parir e cuidar do marido e dos filhos. Poucas as que ainda assim vêem à rua com a cara à mostra.
Até na praia. Vestidas. Tudo tapado.
Não pesquisei, mas por aquelas bandas deve ser rara a mulher a quem se diagnostique cancro da pele.
Têm o direito de se sentarem umas com as outras, de falarem umas com as outras. Honradas as que cumprirem à risca. Apedrejadas as que tentem "sair da linha": não presenciei falha nenhuma.
Os homens, esses do papel de chefes do lar, os que trabalham, os que pensam, os que decidem, os que sabem conduzir a família ao seu melhor.
Conduzem que nem loucos, não pela velocidade mas pelo incumprimento das regras do trânsito.
Impera a buzina (material que mais deve ser substituido nas oficinas!).
Buzinam para passar à frente, buzinam para chamar à atenção do outro, buzinam para agradecer, buzinam para dizer adeus, buzinam para dizer olá, buzinam porque lhes apetece.
Não comem carne de porco, não bebem alcóol (graças a Deus!) e fumam que nem chaminés... em todo o lado e quando digo todo o lado, pretendo dizer TODO O LADO!
Apenas um se salva, a mesquita.
Deitam tudo para o chão, consporcam as ruas, mas lavam as mãos e os pés 5 vezes ao dia.
É complicado lidar com culturas tão diferentes da nossa, visões de vida tão distintas da nossa, mas é aí que reside a piada de viajar, a piada de descobrir o que se passa pelo mundo, a piada de os conhecer, numa perspectiva tão só nossa e tão diferente daquela que os media nos impingem à sua maneira.
É isto que nos enriquece, é isto que nos ajuda a crescer como seres humanos, como cidadãos dum mesmo mundo.
E respeitando as outras formas de pensar e de viver, cheguei a Lisboa convicta de que é viajando que estou prestes a ficar milionária.
(fotos no post seguinte)
Entre a estupefacção do legado que possuem, entre a incúria com que o tratam, entre a doçura com que lidam com as suas crianças e a revolta pela mísera auto-estima das mulheres.
Nesta viagem dos 3 em 1, visitei Síria, Jordânia e Israel.
Medonho e revoltantemente fantástico. A divisão é atroz.
Comecemos pelo melhor, as crianças.
Brincam saudavelmente, são bem nutridas e mesmo as que por forças da vida têm que deambular por entre os turistas a vender colares e pedras do espólio cultural milenar (!) "arranham" inglês e até italiano.
Elas, de olhar magnético, sorriso doce e trato meigo, são a razão pela qual depositamos ingénua esperança nesta geração.
Esperança para que evoluam, para que a chegada da puberdade não lhes castre o bom-senso.
As mulheres, essas do papel bíblico e quotidiano de vida em casa, de parir e cuidar do marido e dos filhos. Poucas as que ainda assim vêem à rua com a cara à mostra.
Até na praia. Vestidas. Tudo tapado.
Não pesquisei, mas por aquelas bandas deve ser rara a mulher a quem se diagnostique cancro da pele.
Têm o direito de se sentarem umas com as outras, de falarem umas com as outras. Honradas as que cumprirem à risca. Apedrejadas as que tentem "sair da linha": não presenciei falha nenhuma.
Os homens, esses do papel de chefes do lar, os que trabalham, os que pensam, os que decidem, os que sabem conduzir a família ao seu melhor.
Conduzem que nem loucos, não pela velocidade mas pelo incumprimento das regras do trânsito.
Impera a buzina (material que mais deve ser substituido nas oficinas!).
Buzinam para passar à frente, buzinam para chamar à atenção do outro, buzinam para agradecer, buzinam para dizer adeus, buzinam para dizer olá, buzinam porque lhes apetece.
Não comem carne de porco, não bebem alcóol (graças a Deus!) e fumam que nem chaminés... em todo o lado e quando digo todo o lado, pretendo dizer TODO O LADO!
Apenas um se salva, a mesquita.
Deitam tudo para o chão, consporcam as ruas, mas lavam as mãos e os pés 5 vezes ao dia.
É complicado lidar com culturas tão diferentes da nossa, visões de vida tão distintas da nossa, mas é aí que reside a piada de viajar, a piada de descobrir o que se passa pelo mundo, a piada de os conhecer, numa perspectiva tão só nossa e tão diferente daquela que os media nos impingem à sua maneira.
É isto que nos enriquece, é isto que nos ajuda a crescer como seres humanos, como cidadãos dum mesmo mundo.
E respeitando as outras formas de pensar e de viver, cheguei a Lisboa convicta de que é viajando que estou prestes a ficar milionária.
(fotos no post seguinte)
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