Friday, August 17, 2007

Histórias de Embalar (Cap V)

Sempre que as folgas permitiam, os dois deliciavam-se nos braços e nos carinhos um do outro.
Katya encontrara a chave do coração de Pedro e estava determinada a abri-lo e a lá ficar para sempre.
Pedro perdido no turbilhão de sentimentos que ainda o prendiam ao passado, levemente deixou-se ir e quando deu conta tinha o seu coração escancarado de novo, aberto a um novo amor, aberto a uma nova vida, aberto para ser feliz… e deixou-se ir. Ele queria ser feliz, merecia ser feliz.

Ao fim de 8 meses, viviam juntos. Malas feitas. Contas fechadas no Luxemburgo.
De regresso à terra natal, Pedro apresentou Katya à Dª Teresinha.
A velhota só chorava, "- de alegria tanta !", como ela não parava de dizer enquanto enxugava as lágrimas ao pano da cozinha e sonoramente limpava o nariz, vermelho de tanta emoção.

Era um dia feliz. Pedro estava feliz.
Pagou tudo a Dª Teresinha. E seguiram para Santarém.

Santarém, essa antiga Scalabis dos Romanos ou a Santa Irene dos Alanos, cenário rico da arquitectura gótica de outrora, onde o Tejo teima em regar as suas margens ciclicamente enriquecendo as lezírias… e a vida de Pedro.


Relegadas à degradação, Pedro recupera uma das quintas de seus pais e arduamente, de sol a sol, consegue replantar as vinhas e trazer de novo a azáfama e o maravilhoso odor aos lagares das Caves da família.
O sucesso da produção da casa agrícola permitiu a Pedro pagar todas as hipotecas e recuperar a pouco a maioria dos seus bens.

Mas só um interessava – o seu anjo ruivo.
Só o amor que nutria por Katya o fazia mover, o fazia viver, sempre com aquela vontade, aquele desejo, aquele conforto de a saber por perto, de a saber sua.

Katya conseguira uma boa colocação no Hospital Distrital de Santarém e já era Enfermeira Chefe no Serviço de Pediatria.
Mas de há uns dias para cá que não se sentia muito bem.


Decidira fazer umas análises, afinal trabalhava num hospital.

(Continua)

No comments: