Monday, December 22, 2008

43 mulheres mortas em Portugal

Era este o número oficial até ontem, quando saiu a notícia no Expresso.
Mais 23 mulheres mortas que no ano passado!



São degoladas, queimadas vivas, levam tiros de caçadeira, são envenenadas, torturadas até cairem para o lado, esfaquedas até ao último suspiro.

E porquê?

Porque pediram o divórcio; porque deixaram de gostar dos maridos ou namorados e se querem separar; porque já estão separadas mas arranjaram um novo amor nas suas vidas; enfim tudo à roda do mesmo: ciúme! e (?).

Que raio anda na cabeça destes tipos?!
Que perfil tem esta gente que comete crimes desta estirpe?
Não se sabe.
O que se sabe é que a lei os protege, pelo menos por enquanto.

A lei não permite que os agentes façam detenções fora de flagrante delito e pior quando o crime ocorre entre 4 paredes.

Espera-se em 2009 que estes infames seres passem a usar a "pulseira", mas terá a polícia capacidade de resposta a tanto acto violento?

Só de queixas apresentadas (consta que as não apresentadas serão mais do dobro) foram este ano 23.427.

Conforme disse um psicologo da Assoc. de APoio À Vítima, actualmente não existe nenhuma forma imediata e legal de afastamento do agressor da mulher agredida sem que seja ela a abandonar o lar. É vítima duas vezes. A maioria opta por ficar e fiar-se na sorte.

Na APAV ensinam truques e regras de sobrevivência, eis algumas:

  • Nunca fugir para a cozinha ou garagem (risco de aí haver facas ou outras "armas"
  • Nunca fugir para a casa-de-banho (ficam encurraladas)
  • Não usar lenços ou colares cumpridos (facilitam a agressão)
  • Ter sempre dinheiro consigo
  • Decorar os números telefone da polícia ou de uma amiga
  • Ter um saco com roupa noutra casa ou no trabalho
  • Saber para onde ir se tiver que fugir
  • Possuir uma conta bancária secreta
  • Ensinar os filhos a ligar para a polícia
Não passam de dicas, mas que podem vir a ser úteis para quem sofre deste pesadelo.
O norte do país, os meses do verão e os períodos de descanso lideram nos números das fatalidades, no entanto o estrato social, formação académica ou perfil psicológico do agressor-tipo não está definido, nem há nenhum factor chave apurado.

A estas vítimas da violência doméstica já não importam as estatísticas, mas nunca é demais relembrar aos vivos o que algumas sofreram.

*Agostinha Martins 1984-03/08/08 Valongo
O namorado que conheceu num "chat", baleou-a na mata e aí a deixou.
A PJ teve de lançar um apelo para a identificar

*Fabíola Silva 1978-10/11/08 Gaia
Foi à Galiza buscar a filha de cinco anos que o ex-marido não entregara.
Ele esfaqueou-a numa estação de serviço.

*Anabela 1976-26/05/08 Açores
Francisco recusava o divórcio.
Marcou um encontro num parque de estacionamento e baleou-a.
Depois, no carro, matou-se.

*Fátima Pereira 1977-30/10/08 Nelas
Assinada na sua cama pelo ex-marido, a tiro de caçadeira.
Matou também o namorado.
Os quatro filhos ouviram tudo.

*Dina 1974-10/10/08 Açores
Raptada, torturada vários dias e baleada na cabeça pelo marido, com a ajuda de cinco familiares.
Decorria o divórcio.

*Cristina Candeias 1969-12/07/08 Grândola
Vinha das compras com o filho (14) quando o ex-marido lhe saiu do caminho.
Matou-a com uma faca de esquartejar porcos.

*Natália Teixeira 1959-08/07/08 Ermesinde
Tinha-se separado há um ano, mas o "ex" insistia no regresso.
Matou-a com quatro facadas no coração.
Deixa sete filhos.

*Maria Cindinha Peixinho 1935-19/07/08 Gondomar
Esfaqueada pelo marido, no quarto do casal.
Arnaldo matou-se de seguida.
Na sala decorria um almoço de família.

E podia continuar, já que a lista é imensa.

E imensa é a minha esperança que a comunicação social não se fique por aqui, não se fiquem pelos números e pelos nomes nas placas de "Aqui Jaz" e continuem a vir a lume estas atrocidades, que os agressores sejam devidamente punidos e que a justiça seja feita.

Por estas e por outras que continuo na dúvida de opinião em relação à Pena de Morte...

2 comments:

Anonymous said...

A miséria humana....

**** said...

E impressionante como sobra sempre para o mesmo lado.