Friday, September 07, 2007

Histórias de Embalar (Cap. VIII)

Pedro organizava mais um concurso, claramente numa tentativa de se preencher, de ocupar todo o seu tempo com coisas e afazeres para não ter um segundo, um segundo que fosse que voltasse a pensar em Katya e em tudo o que ela fora capaz de fazer.
Mas era inútil, as noites eram longas até adormecer e nem a sua Ghiri, a cadelinha rafeira qual clone da velha Lassie dos tempos de garoto, o conseguia ternurar.
Ghiri, em honra dos valentes samurais, os tais da lealdade, tal como a sua cadela.
Pêlo fôfo e branco, doce e meiga, Ghiri era uma boa companheira, "muito melhor que Katya! Sim, muito melhor que essa mentirosa!", pensava Pedro, até que o cansaço lhe pregava a partida e Pedro caía em sono profundo.

Passados uns meses, numa segunda-feira cheia de sol, Cmdt Cardoso fora chamado a Lisboa: notícias frescas sobre a investigação.

Chegado à PJ, Cmdt Cardoso cumprimenta os amigos, vira-se para se sentar e de repente… nem queria acreditar ! De fronte para uma janela, podia ver uma silhueta familiar, talvez mais magra e tinha um bébé ao colo – era Katya e claro, só podia ser o seu netinho !!

Cmdt Cardoso não conseguia dizer palavra.

Katya voltou-se e olhando de frente Cmdt Cardoso baixou os olhos e sentou-se na cadeira que o agente lhe estendia. O bébé dormia, cobria-lhe a cara uma fralda muito usada, mas via-se que estava bem nutrido. Katya parecia ter envelhecido uns dez anos.
O agente estende outra cadeira ao Cmdt Cardoso que continuava incrédulo, inerte, boquiaberto e pede-lhe para se sentar.

A história ía começar.

(continua)

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