Friday, September 21, 2007

Maridos...









aquele tipo de marido que tem a mania que sabe de tudo um pouco, desde a melhor tábua para alguém engomar as suas camisas, passando pelo frigorífico que poupa mais energia. Até pode saber muitas coisas úteis, mas o território doméstico não pode nem deve ser gerido como uma empresa, sob o risco de se verem goradas as expectativas em relação aos objectivos.

Outro estilo doméstico igualmente irritante é o Inútil Doméstico, aquele que se especializa em não saber fazer absolutamente nada. Põe os pratos grandes no tabuleiro superior da máquina de lavar, deixa a roupa suja no chão, nunca muda o rolo do papel higiénico quando este acaba, acha uma seca ir despejar o lixo e não arrasta uma bilha de gás mesmo que veja a mulher a fazê-lo. Os Inúteis Domésticos foram, em geral, criados por uma mãe protectora que sempre lhes fez a cama, lhes arrumou a roupa depois de primorosamente lavada e passada a ferro e lhes pôs o almoço e o jantar na mesa.

Conheço um exemplar dessa espécie que há pouco tempo se encantou por uma estrangeira e a convidou para vir viver com ele. Ela, cautelosa, avançou para uma temporada à experiência que correu mal, porque, segundo ele, ela não sabia cozinhar e, segundo ela, o que ele queria era uma empregada de borla com serviços sexuais incluídos. Ela voltou ao país de origem e ele arranjou uma namorada local com as características pretendidas.

Imagino que sejam os três felizes para sempre, a estrangeira longe da mentalidade lusa que conta à partida com serviços domésticos incluídos numa relação, o Inútil que encontrou quem o assistisse e, por fim, a sua assistente, grata por agradar à pessoa amada. Felizmente , nem todos os homens seguem a lógica da publicidade enganosa.

Conheço exímios donos de casa, arrumados e organizados sem manias obsessivas, bons cozinheiros e melhores companheiros, já que se é verdade que se conquista um homem metade pela cozinha e a outra metade pela cama, com as mulheres não é assim tão diferente, a não ser que vivam obcecadas com dietas malucas.

Um bom marido é hoje muito mais do que alguém que paga as contas e assegura um bom nível de vida. Um bom marido é alguém que ajuda, que colabora, que faz parte da vida da família. Os marialvas que estão sempre no campo ou a dormir ou na farra com os amigos só servem para mulheres que nasceram com alma de empregadas domésticas.

[Margarida Rebelo Pinto, in "Sol"]


Não posso nem ouvi-la, mas como já referi antes, adoro lê-la.
E também adorei esta do "Inútil Doméstico". Conheci vários.
E a culpa é sempre do mesmo: a mãe que teve, a permissiva sociedade, o haver mulheres desesperadas que aturam tudo, o machismo crónico!


A parte que está a bold alguém sabe se existe? Utopias líricas ficam sempre bem! ((:

2 comments:

r said...

O mundo é para aqueles que sabem conquistá-lo e, se a vida nos deu um limão, façamos uma limonada e não um frappé de coco, que esse não dá, mas não dá mesmo, meus queridos, embora seja muito mais gostoso.

Ivan Lessa

**** said...

... e se a vida não nos dá nem o caroço do limão?
Omoletes não se fazem sem ovos, limonadas sem limão também não, será que devemos então "dar cabo do côco"?